Pela primeira vez em sua história, o Banco Central projeta uma inflação superior a 5% para este ano. O órgão revisou suas estimativas, com base na opinião de grandes instituições financeiras do país, e elevou a previsão para 5,08%. Este é o 14º mês consecutivo em que a pesquisa semanal, conhecida como Boletim Focus, aponta um aumento nas expectativas inflacionárias.
Para o consumidor comum, esse índice significa que o custo de vida continuará subindo. Um exemplo prático: uma família que atualmente gasta R$ 700 nas compras do mês passará a desembolsar, em média, R$ 735. O cenário repete o ocorrido em 2024, quando a meta de inflação – fixada em um máximo de 4,5% – também foi superada.
Consequências e impacto nos juros
A nova previsão reforça a necessidade de o Banco Central adotar medidas rigorosas para conter os avanços nos preços. Um dos principais instrumentos é o aumento da taxa básica de juros, a Selic. Atualmente em 12,25%, a Selic deve encerrar o ano em 15%, segundo a projeção das instituições financeiras ouvidas.
A alta nos juros impacta diretamente a vida de trabalhadores e empresas. Para os consumidores, torna mais caro financiar compras de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos. Para os empreendedores, dificulta o acesso a empréstimos destinados à expansão de negócios ou pagamento de dívidas. O objetivo dessas medidas é desestimular o consumo, reduzindo a pressão sobre os preços.
Crescimento econômico moderado
Embora o cenário seja desafiador, a economia do país deve crescer, ainda que em ritmo moderado. As instituições financeiras projetam uma expansão de pouco mais de 2% para 2025. Esse crescimento reflete, em parte, os efeitos retardados da alta dos juros, que visam estabilizar a inflação e trazer maior previsibilidade ao mercado.
Desafios e perspectiva para os próximos meses
A 14ª revisão consecutiva de alta nas expectativas de inflação evidencia as dificuldades enfrentadas pelo Banco Central para conter a escalada de preços. A instabilidade internacional, combinada com fatores internos como gastos governamentais e custos de produção, desafia a capacidade do país de atingir suas metas econômicas.
Especialistas apontam que os próximos meses serão decisivos. O desafio não é apenas controlar a inflação, mas também equilibrar os impactos sociais e econômicos das medidas adotadas. Enquanto isso, o consumidor deve continuar sentindo os efeitos no bolso, adaptando seus orçamentos à nova realidade.
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