Campinas, conhecida por seu rico berço musical, mantém viva uma tradição que remonta ao final do século 19, quando bandas sinfônicas se apresentavam em coretos da cidade, incluindo formações militares e comunitárias. Hoje, essa herança é resgatada pelas apresentações regulares da Banda Sinfônica da Unicamp, formada em 2022 por 65 músicos que executam todos os instrumentos originais de sopro e percussão. Nascida da Escola Livre de Música (ELM), anteriormente chamada projeto Unibandas, a banda foi homenageada nesta terça (11), às 20h, na Câmara Municipal de Campinas com a entrega da medalha Carlos Gomes.
Com 205 alunos matriculados este ano, a ELM não consegue atender toda a demanda, que superou 500 inscrições vindas de várias cidades da região. A escola oferece 19 disciplinas, entre teóricas, práticas coletivas e 11 instrumentos, gratuitamente para interessados a partir dos 13 anos de idade. Com uma proposta inclusiva, os alunos participam de grandes formações como a Banda Sinfônica, Big Band e Orquestra de Saxofones, além de pequenos grupos de música de câmara.
Fernando Hehl, supervisor da ELM e regente da Banda Sinfônica, destaca o impacto da escola na formação de profissionais que atuam em orquestras renomadas como a Filarmônica de Minas Gerais e a Sinfônica de São Paulo, além de professores universitários no Brasil e no exterior. “Foi desta escola que saíram vários profissionais para atuar em orquestras, professores nas universidades de várias regiões do Brasil e exterior, e estudantes de graduação em Música que desenvolvem carreiras profissionais na música”, relata Hehl.
O material didático da ELM é desenvolvido pelos próprios instrutores, com uma proposta pedagógica integrativa, colaborativa e humanista. O curso é aberto à comunidade interna da Unicamp e a qualquer interessado de Campinas e região, com uma taxa anual de apenas R$ 60 para ajudar na manutenção da escola, que não conta com verba orçamentária da universidade. “O objetivo é reunir instrumentistas de diversos níveis, de diversas idades, com foco em fazer e praticar a música explorando suas potencialidades em uma prática inclusiva”, explica Hehl.
Homenagem à Banda Sinfônica
A entrega da medalha “Carlos Gomes” para a Banda Sinfônica da Unicamp, proposta pelo vereador Major Jaime (União), aconteceu nesta terça (11) às 20h na Câmara de Campinas em solenidade pública. Fernando Hehl, um dos principais incentivadores do resgate da banda, ressaltou a importância desse reconhecimento para a universidade, instrutores e alunos da ELM. “A Unicamp é precursora no ensino de sopro e percussão em formação de Banda Sinfônica e se tornou referência nos anos 1990. É fundamental o resgate dessa tradição com atividades regulares e frequentes”, afirma Hehl.
Ele também destaca a importância de manter viva a tradição musical de Campinas, cidade que produziu músicos ilustres como Carlos Gomes, Maneco e Santana Gomes. “Uma cidade rica em músicos como Carlos Gomes, Maneco e Santana Gomes, entre outros, precisa resgatar e manter essa tradição que era tão rica no final do século 19, início do século 20. Embora a cidade tenha outras bandas até centenárias como a Banda Carlos Gomes e a Banda dos Homens de Cor, elas geralmente dependem de projetos e verbas, e às vezes se desarticulam, voltam, não há regularidade nas atividades”, comenta Hehl.
A homenagem de não só celebra a Banda Sinfônica da Unicamp, mas também reafirma o compromisso de Campinas com sua rica herança musical, garantindo que novas gerações possam continuar a explorar e expandir suas potencialidades musicais em um ambiente inclusivo e colaborativo.
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