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Terça-feira, 21 de Janeiro de 2025

Ciência

Déficit de atenção está ligado ao risco de obesidade infantil

Pesquisa revela que crianças com TDAH enfrentam alterações no peso ao longo da infância, impactando a saúde futura

Marcio Edison
Por Marcio Edison
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Déficit de atenção está ligado ao risco de obesidade infantil
SESA/PR
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Uma pesquisa recente publicada em uma revista científica especializada trouxe à tona uma relação preocupante entre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o risco de obesidade infantil. De acordo com o estudo, crianças diagnosticadas com TDAH enfrentam mudanças significativas no peso ao longo da infância, o que pode ter implicações duradouras na saúde.

O levantamento analisou os dados de mais de 7.900 crianças nascidas entre 2000 e 2002 e revelou um padrão: bebês com TDAH tendem a nascer com menos peso, mas apresentam maior propensão ao ganho excessivo de peso durante a infância. Essa tendência se torna evidente aos cinco anos de idade, quando o risco de obesidade começa a se manifestar. A partir dos sete anos, o perigo aumenta consideravelmente, especialmente em meninas. Para os meninos, o ponto crítico ocorre aos 11 anos.

Medicamentos fazem diferença

Curiosamente, o estudo aponta que o risco elevado de obesidade não foi observado em crianças que fazem uso de medicamentos para controlar os sintomas do TDAH. Os pesquisadores destacam, no entanto, que ainda há poucos dados sobre as causas desse fenômeno, o que demanda mais estudos para compreender como o transtorno e o peso estão interligados.

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"Embora o TDAH seja amplamente estudado por seus efeitos comportamentais e cognitivos, os impactos físicos, como as alterações de peso, ainda são pouco explorados. Este estudo amplia nossa visão sobre o transtorno", explica a pediatra e pesquisadora Ana Clara Monteiro.

Uma questão multifatorial

Especialistas apontam que o aumento do peso em crianças com TDAH pode estar relacionado a uma combinação de fatores. Entre eles, destacam-se as dificuldades em manter uma alimentação regular, comportamentos impulsivos e a busca por alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gordura, que oferecem uma gratificação imediata.

A psicóloga infantil Laura Ribeiro observa que a impulsividade e a hiperatividade características do TDAH podem impactar diretamente a relação da criança com a comida. "Crianças com TDAH podem ter dificuldade em reconhecer os sinais de fome e saciedade, além de recorrerem à alimentação como forma de lidar com o estresse e a frustração", explica.

Outro ponto levantado é o impacto do sono. Crianças com TDAH frequentemente enfrentam problemas para dormir, e estudos anteriores já demonstraram que a privação de sono pode contribuir para o aumento de peso. "A qualidade do sono é um fator crucial para o equilíbrio hormonal, incluindo aqueles que regulam o apetite", acrescenta Laura.

O papel dos pais e da escola

Os resultados da pesquisa destacam a importância do papel dos pais e das escolas em criar ambientes que promovam hábitos saudáveis para crianças com TDAH. Incentivar a prática regular de exercícios físicos e oferecer refeições equilibradas são estratégias fundamentais. Além disso, é importante trabalhar a educação alimentar desde cedo, ensinando as crianças a fazerem escolhas mais saudáveis.

Carla Souza, mãe de um menino de oito anos com TDAH, compartilha os desafios do dia a dia. "O João sempre quer comer alimentos rápidos, como salgadinhos ou doces. Precisamos estar atentos o tempo todo e encontrar um equilíbrio para que ele se sinta satisfeito, mas sem prejudicar a saúde dele", conta.

Olhando para o futuro

Os pesquisadores reforçam que compreender melhor a relação entre o TDAH e o ganho de peso pode levar ao desenvolvimento de estratégias preventivas e tratamentos mais eficazes. Enquanto isso, o acompanhamento médico regular, aliado ao suporte psicológico e educacional, permanece essencial para ajudar crianças com TDAH a enfrentarem esses desafios.

A pesquisa lança luz sobre um aspecto ainda pouco discutido do TDAH, apontando para a necessidade de abordar o transtorno de forma ampla, considerando não apenas os impactos comportamentais, mas também os físicos. "A saúde dessas crianças vai além da sala de aula ou do comportamento em casa. Estamos falando de um impacto que pode durar toda a vida", conclui Ana Clara Monteiro.

FONTE/CRÉDITOS: Agência Rádio 2
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Marcio Edison

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Marcio Edison

Jornalista, radialista. Formado em Matemática (PUC/SP) e Comunicação Social (UNIP/SP) também é desenvolvedor web, palestrante de tecnologia e CEO da mexcorp.net

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