Nesta sexta-feira (13), o Du Rompa Hammond Trio lançou o aguardado segundo álbum de estúdio, “O Beijo da Serpente”, pelo selo Blue Crawfish Records. Com um conceito profundo e uma fusão única de influências musicais que vão do soul jazz ao rock psicodélico dos anos 70, o álbum é uma viagem instrumental e espiritual através de mitos e lendas ancestrais. O grupo, liderado pelo músico e compositor Du Rompa, traz uma obra roteirizada que dialoga com a diversidade cultural e espiritual, utilizando o poder simbólico dos astros e figuras mitológicas para contar uma história envolvente.
O trio, formado por Du Rompa no órgão Hammond, Daniel Zivko na guitarra e Leo Luca na bateria, apresenta em “O Beijo da Serpente” uma visão artística que transcende a simples execução musical. Trata-se de um álbum conceitual, no qual cada faixa se entrelaça com a seguinte para contar a saga da Serpente Cronos, uma figura mítica que, segundo o compositor, encarna no corpo de Tupã para viver uma experiência terrena. Essa narrativa tem como pano de fundo a conexão entre o céu e a terra, simbolizando o amor materializado em nosso mundo.
“Os povos antigos viam os astros do céu como espelhos de nossa interioridade”, explica Du Rompa. “Cada um dos sete planetas foi associado a um mito ou lenda, extraídos de diversas culturas, como as indígenas e afro-brasileiras, além de civilizações antigas, como as do Egito e da Grécia”. A proposta do álbum é clara: explorar as forças simbólicas dos planetas e seus arquétipos para construir uma jornada musical e espiritual. Esse conceito se reflete diretamente nas sete faixas do disco, cada uma representando um planeta e sua conexão com diferentes culturas.
Entre os destaques de “O Beijo da Serpente” está a faixa "Lua de Naiá", escolhida como principal música de trabalho para o lançamento. A composição finaliza o álbum de forma simbólica, contando de maneira instrumental a lenda da indígena Naiá, que se sacrifica ao saltar em um lago para alcançar o reflexo da Lua, transformando-se na Vitória-Régia. Para Du Rompa, essa história de amor mitológico representa o clímax da saga: “A Vitória-Régia simboliza o amor materializado na Terra, e com ela fechamos o ciclo da história que narramos ao longo do álbum”.
Além de “Lua de Naiá”, outras faixas, como “O Sumiço das Vacas” e “Os Sete Cavalos do Alvorecer”, já haviam sido divulgadas como singles, demonstrando a riqueza e a complexidade das composições. O órgão Hammond, marca registrada do trio, conduz o ouvinte por ritmos brasileiros e referências de soul jazz, criando uma atmosfera imersiva e nostálgica que remete ao rock progressivo e psicodélico dos anos 70.
Para aqueles que optarem por adquirir o álbum em vinil, Du Rompa destaca que a experiência pode ser ainda mais envolvente. A edição física, lançada em vinil transparente, conta com um encarte repleto de ilustrações e textos criados pelo próprio compositor. “A proposta é que o ouvinte mergulhe profundamente na obra ao escutar o vinil, interagindo com as múltiplas linguagens artísticas que construímos para esse projeto”, afirma.
O Du Rompa Hammond Trio, formado em 2018, consolidou-se como uma das bandas mais criativas do cenário instrumental contemporâneo, misturando influências diversas e criando uma sonoridade única. Com “O Beijo da Serpente”, o trio reafirma seu compromisso com a inovação e a busca por uma música que dialogue com o passado, mas que também projeta novas formas de expressão para o futuro.
Disponível nas principais plataformas de streaming, “O Beijo da Serpente” é uma obra para ser ouvida com atenção, tanto pela sua riqueza sonora quanto pela profundidade de sua proposta narrativa. A viagem musical oferecida pelo trio convida o ouvinte a refletir sobre a ancestralidade, o espiritual e o poder transformador da música.
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