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Domingo, 10 de Novembro de 2024

Nacional

Especialistas defendem terapia hormonal para menopausa no SUS

Audiência pública destaca a falta de políticas públicas voltadas à saúde das mulheres no climatério e menopausa

Marcio Edison
Por Marcio Edison
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Especialistas defendem terapia hormonal para menopausa no SUS
Saulo Cruz - Agência Senado
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Durante uma audiência pública realizada na Comissão de Assuntos Sociais, especialistas em saúde feminina destacaram a importância de se ampliar o tratamento de mulheres em climatério e menopausa no Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta foi discutida por senadores e médicos, que enfatizaram a necessidade de mais atenção da saúde pública para esse grupo, que atualmente representa 28% da população feminina no Brasil. A iniciativa visa garantir tratamento hormonal adequado, prevenindo complicações graves de saúde que podem afetar mulheres nessa fase da vida.

A senadora Teresa Leitão, relatora do projeto, com apoio dos senadores Zenaide Maia e Humberto Costa, promoveu o debate, ressaltando a urgência de políticas públicas específicas para a menopausa. Segundo a médica ginecologista Socorro Morais, o Brasil carece de estratégias para enfrentar o envelhecimento feminino de maneira eficiente. Ela destacou que, após o fim do ciclo reprodutivo, muitas mulheres são "esquecidas" pelas políticas públicas, conforme estudos da pesquisadora Ana Amélia Camarano, do IPEA.

"Quando as mulheres finalizam seu ciclo reprodutivo, elas morrem para as políticas públicas. Carecemos de dados. O que temos são estimativas antigas de 2014, que indicam que em 2024 teríamos entre 29 e 30 milhões de mulheres no climatério", afirmou Morais. Ela alertou que essas mulheres estão em uma "janela de oportunidade" para intervenções que possam melhorar a qualidade de vida durante o envelhecimento.

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Reposição hormonal como prevenção de doenças graves

Outro ponto central da audiência foi a defesa da terapia de reposição hormonal como ferramenta não apenas para aliviar sintomas, mas para prevenir doenças graves. O ginecologista endócrino Diogo Viana explicou que a queda na produção de estradiol, hormônio essencial à saúde celular, pode causar lesões em órgãos vitais, como ossos, músculos, cérebro e coração.

"Menopausa não é só fogacho e perda de memória. Quando a mulher perde estradiol, ela tem risco de complicações graves como infarto, osteoporose, perda de massa muscular e até demência. Repor o estradiol pode evitar internações e reduzir os custos para o SUS", afirmou Viana, destacando que, após a menopausa, mulheres têm maior risco de infarto do que homens e são mais frequentemente hospitalizadas por fraturas.

A médica Fabiane Berta, também especialista em ginecologia endócrina, abordou a falta de acolhimento que muitas mulheres encontram ao procurar tratamento para a menopausa. Ela criticou a tendência de subestimar os sintomas, atribuindo-os a questões psicológicas como ansiedade, sem considerar os riscos reais à saúde física.

"É fácil dizer que a menopausa é uma questão de loucura: que os sintomas são só ansiedade ou esquecimento. Muitas vezes, as pacientes são encaminhadas para psiquiatras sem que os riscos cardiovasculares e outros problemas sejam considerados. A menopausa nunca foi ensinada a nós da mesma forma que outras fases da vida, como a adolescência", lamentou Berta.

Aprovação do projeto e conscientização nacional

O projeto de lei que prevê a inclusão da terapia hormonal para mulheres na menopausa no SUS já foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos. Além disso, ele institui a Semana Nacional de Conscientização para Mulheres na Menopausa, uma campanha anual voltada a informar e sensibilizar a sociedade sobre a importância de cuidados específicos para essa fase da vida.

Representantes dos ministérios das Mulheres e da Saúde, bem como da Associação Menopausa Feliz, também participaram da audiência, reforçando a importância de garantir mais direitos e suporte às mulheres que enfrentam essa transição, muitas vezes subestimada, mas que afeta profundamente sua saúde e bem-estar.

O debate levantado na audiência pública reforça a necessidade urgente de políticas públicas inclusivas e abrangentes que promovam o bem-estar das mulheres em todas as fases da vida, especialmente na menopausa, período que afeta milhões de brasileiras e demanda atenção especial dos sistemas de saúde.

FONTE/CRÉDITOS: Rádio Senado
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Marcio Edison

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Marcio Edison

Jornalista, radialista. Formado em Matemática (PUC/SP) e Comunicação Social (UNIP/SP) também é desenvolvedor web, palestrante de tecnologia e CEO da mexcorp.net

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