Fraudes contra operadoras de saúde, antes concentradas nos planos médicos, agora atingem também os planos odontológicos. Manipulação de exames, falsos diagnósticos e clínicas de fachada estão entre os principais esquemas denunciados, que buscam usar a cobertura de tratamentos bucais para financiar procedimentos estéticos, como a aplicação de botox.
Segundo a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que reúne 12 grandes grupos do setor, esse tipo de fraude era raro até poucos anos atrás. No entanto, nos últimos dois anos, foram registradas 21 denúncias envolvendo irregularidades em planos odontológicos.
Crescimento da harmonização orofacial e seu impacto
Um dos fatores associados ao aumento das fraudes é a popularização da harmonização orofacial, que integra técnicas de estética facial aplicadas por cirurgiões-dentistas. Dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO) revelam que, em 2024, o Brasil contava com 4.012 profissionais especializados na área, um aumento de 150% em relação a 2022.
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Essa expansão da especialidade acompanha o crescimento do interesse por tratamentos estéticos, mas também levanta preocupações. "A harmonização orofacial é uma área legítima e importante dentro da odontologia, mas precisa ser conduzida com ética e responsabilidade", destacou o CFO em nota.
Popularidade dos planos odontológicos
Os contratos de planos odontológicos são os que mais crescem no mercado de saúde suplementar no Brasil. Isso se deve, em parte, à acessibilidade financeira e à ampliação da oferta de coberturas. Entretanto, o aumento no número de usuários também atrai práticas fraudulentas, que acabam prejudicando tanto os beneficiários quanto as operadoras.
As fraudes não apenas comprometem a sustentabilidade dos planos, mas também podem expor os pacientes a riscos de saúde. "Usar diagnósticos falsos para justificar procedimentos estéticos viola não apenas contratos, mas também a ética profissional", afirmou um representante da FenaSaúde.
Respostas do setor
O Conselho Federal de Odontologia repudiou, em nota oficial, qualquer infração de conduta profissional e reforçou que os conselhos regionais têm a responsabilidade de investigar denúncias e aplicar as sanções cabíveis. Paralelamente, as operadoras de saúde têm investido em sistemas de auditoria e inteligência artificial para identificar padrões suspeitos e combater irregularidades.
Educação e conscientização como caminhos
Além da fiscalização, especialistas defendem a necessidade de educação e conscientização tanto para os profissionais quanto para os pacientes. "É importante que o público entenda as limitações dos planos odontológicos e que os dentistas saibam que práticas antiéticas podem destruir suas carreiras", alertou um especialista em ética odontológica.
Enquanto as fraudes ainda são uma parcela pequena dentro do mercado de planos odontológicos, o alerta está aceso. A combinação entre o crescimento da harmonização orofacial e o aumento na adesão aos planos exige atenção redobrada para garantir que o setor continue crescendo de forma saudável e ética.
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