Hermínio Bello de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro em 28 de março de 1935 e desde cedo mostrou vocação para a cultura e a comunicação. Sua trajetória começou em 1951, como repórter e colunista de discos na revista Rádio-entrevista. Colaborou ainda com as revistas O Cruzeiro (Internacional), Leitura e Revista da Música Popular, consolidando sua presença no meio jornalístico e musical.
Seu talento também o levou para o rádio, onde, a partir de 1958, a convite de Mozart Araújo, passou a produzir centenas de programas para a Rádio MEC. Entre eles, destacam-se Violão de Ontem e de Hoje, Reminiscências do Rio de Janeiro, Retratos Musicais, Orquestra de Sopros e Concertos para a Juventude. No entanto, sua carreira foi impactada pela ditadura militar, que o afastou da emissora. Mais tarde, no governo Collor, também foi retirado dos quadros da TVE.
A luta pelos direitos dos artistas também marcou sua trajetória. Como vice-presidente da Sombrás, na gestão de Antônio Carlos Jobim, Hermínio trabalhou ativamente pela moralização do sistema de direitos autorais, garantindo condições mais justas para os compositores brasileiros.
No palco, seu talento como diretor e roteirista de espetáculos musicais foi fundamental para a história da MPB. Em 1965, criou o icônico Rosa de Ouro, que revelou nomes como Clementina de Jesus e Paulinho da Viola. Três anos depois, em 1968, foi responsável por um dos espetáculos mais emblemáticos da música brasileira: Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, Zimbo Trio Oficial e o Conjunto Época de Ouro. Seu olhar visionário foi determinante para unir talentos que moldaram a identidade musical do país.
Hermínio também brilhou como compositor, criando parcerias memoráveis com grandes nomes da música brasileira. Com Cartola e Carlos Cachaça, compôs Alvorada no Morro; com Pixinguinha, Fala Baixinho e Isso É Que É Viver; com Paulinho da Viola, Sei Lá Mangueira e Timoneiro; e com Baden Powell, Valha-me Deus. Dona Ivone Lara, Sueli Costa, Martinho da Vila, Zé Ketti e tantos outros também compartilharam sua genialidade em canções inesquecíveis.
Como produtor musical, foi responsável por impulsionar carreiras e revelar artistas que se tornaram referências. Clementina de Jesus, Isaurinha Garcia, Raphael Rabello e Elizeth Cardoso tiveram suas trajetórias marcadas pela sensibilidade e pelo talento de Hermínio.
Além da música, Hermínio deixou sua marca na literatura. Publicou 13 livros, entre eles Chove Azul em Teus Cabelos, Poemas do Amor Maldito, Mudando de Conversa e Cartas Cariocas para Mário de Andrade, este último com capa de Oscar Niemeyer. Seus escritos transitam entre a poesia e a crítica musical, oferecendo um registro valioso da cultura brasileira.
Em 2015, a gravadora Biscoito Fino celebrou seus 80 anos com a coletânea Isso É Que É Viver, reunindo interpretações de Maria Bethânia, Alcione, Nara Leão, Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola e outros grandes nomes.
Neste mês, o Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) convida o público a celebrar a vida e a obra de Hermínio Bello de Carvalho, um dos maiores nomes da história da música popular brasileira. Para homenageá-lo, o IMMuB disponibilizou uma playlist especial, reunindo seus maiores clássicos e as vozes que ajudou a revelar.
Hermínio é mais do que um nome na história da música brasileira; é um verdadeiro timoneiro, conduzindo gerações por mares de poesia, melodia e cultura.
Junte-se a essa homenagem e reviva a magia de sua arte!
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