O ano de 2024 fechou com uma alta de 4,83% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial da inflação no Brasil. O resultado, divulgado pelo IBGE, superou a meta definida pelo Banco Central, de 3%, que permitia uma margem de tolerância de até 4,5%.
A inflação no período refletiu o aumento significativo no preço de itens essenciais, como alimentos e combustíveis. Os alimentos, por exemplo, ficaram, em média, 8% mais caros, representando o maior peso no orçamento das famílias. Segundo o gerente do IBGE, Fernando Gonçalves, problemas climáticos no campo, como secas prolongadas e chuvas excessivas, reduziram a produção de diversos produtos, encarecendo os preços nas prateleiras.
“A menor oferta de alimentos básicos, como arroz, feijão e frutas, impactou diretamente o custo de vida. Esses produtos compõem grande parte da cesta de consumo das famílias brasileiras, especialmente as de menor renda, que sentem mais intensamente os efeitos da inflação”, destacou Gonçalves.
Gasolina pressiona o orçamento
Outro destaque negativo foi a gasolina, que registrou um aumento de quase 10% no ano, sendo o item individual que mais contribuiu para o avanço do índice geral. O transporte, que já é um dos principais gastos das famílias brasileiras, ficou ainda mais caro, afetando diretamente a mobilidade e os custos de produção em diversos setores da economia.
Alívio com energia elétrica e outros itens
Apesar da pressão inflacionária, alguns fatores ajudaram a evitar um aumento ainda maior do índice. A redução nas tarifas de energia elétrica, reflexo do maior uso de fontes renováveis e do recuo no preço das bandeiras tarifárias, trouxe alívio para o bolso dos consumidores.
Além disso, itens como passagens aéreas, cebola e tomate apresentaram quedas expressivas de preço, o que contribuiu para moderar a alta geral da inflação.
“O barateamento da energia elétrica e de alguns alimentos específicos foi fundamental para impedir que o índice ultrapassasse ainda mais o teto da meta”, ressaltou o gerente do IBGE.
Impactos no dia a dia
A inflação acima da meta reflete diretamente na perda do poder de compra da população. Para quem já enfrenta dificuldades econômicas, o aumento no custo de alimentos e combustíveis torna o orçamento doméstico ainda mais apertado.
“Tudo está mais caro. Ir ao mercado virou um desafio, porque o dinheiro parece não render mais. A gente acaba deixando de comprar coisas que antes eram básicas”, comenta Ana Lúcia Silva, diarista em São Paulo.
A alta da inflação também afeta o crédito e os investimentos, uma vez que o Banco Central tende a adotar políticas mais rigorosas, como o aumento da taxa de juros, para conter a pressão inflacionária.
Perspectivas para 2025
Para o próximo ano, especialistas apontam desafios no controle da inflação. Questões climáticas, como o impacto do El Niño, podem continuar influenciando a produção agrícola, enquanto a volatilidade nos preços dos combustíveis permanece uma preocupação.
O governo e o Banco Central terão que equilibrar medidas de estímulo econômico com políticas de controle inflacionário para evitar que os preços saiam ainda mais do controle.
O aumento de 4,83% em 2024 reforça a necessidade de atenção aos fatores que pressionam o custo de vida e traz um alerta para a gestão econômica no país. Enquanto isso, o brasileiro segue sentindo no bolso os reflexos das oscilações do mercado e das adversidades climáticas que marcaram o ano.
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