Nas últimas duas décadas, o Brasil assistiu a uma revolução silenciosa que alterou profundamente a relação dos brasileiros com a internet. De acordo com um levantamento recente do Cetic.br, instituto vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o número de lares conectados à rede passou de apenas 13%, em 2005, para expressivos 85% em 2023. Esse crescimento reflete o impacto da internet na vida social e econômica do país, acompanhando mudanças tecnológicas, políticas de inclusão digital e a popularização dos smartphones.
Em áreas urbanas, onde o índice de lares conectados chega a 85%, o acesso à internet se tornou quase universal. Nas zonas rurais, o índice também é expressivo: atualmente, 74% das residências contam com conexão à rede, revelando um avanço significativo no interior do país, onde há 20 anos a internet era, em muitos casos, uma realidade distante. Ao todo, são 141 milhões de brasileiros conectados, um número que impressiona quando comparado aos índices iniciais do levantamento, em que apenas 24% dos residentes urbanos eram usuários da internet.
Esse salto na conectividade dos lares está ligado também à inclusão de usuários que, mesmo sem conexão doméstica, acessam o ambiente digital de outras formas. Se considerados aqueles que utilizam serviços online apenas pelo celular, mesmo sem um acesso tradicional à internet em casa, o índice de usuários de internet no Brasil sobe para 90% da população. Esse conceito ampliado mostra o quanto o celular se tornou uma porta de entrada fundamental para o mundo digital, especialmente nas classes sociais menos favorecidas, que muitas vezes dependem exclusivamente do smartphone para navegar.
Uma nova forma de acesso
Além do crescimento no número de residências conectadas, a pesquisa evidencia outra transformação: a mudança na forma como os brasileiros se conectam. Na década de 2000, o acesso à internet acontecia principalmente em lan houses ou cafés equipados com computadores, onde muitas pessoas se encontravam para trabalhar, estudar e interagir online. Hoje, a realidade é bem diferente. O celular é o principal meio de acesso, com 90% das conexões feitas por dispositivos móveis, refletindo a popularização de planos de dados e aparelhos mais acessíveis.
Com a mobilidade e a praticidade do smartphone, a forma de interagir com a internet também mudou. Redes sociais, aplicativos de mensagens instantâneas e plataformas de conteúdo dominaram o dia a dia dos brasileiros, tornando a experiência de acesso mais dinâmica e frequente. Essa mudança também aproximou os brasileiros dos serviços digitais, como internet banking, compras online e telemedicina, que antes eram pouco utilizados ou mesmo inacessíveis para grande parte da população.
Inclusão digital e os desafios que restam
Ainda que os números demonstrem um avanço impressionante na conectividade, o Brasil ainda enfrenta desafios no que diz respeito à qualidade da conexão e à inclusão digital em áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos. Nas zonas rurais, apesar do crescimento significativo, a qualidade do acesso à internet ainda pode ser limitada por fatores como a baixa velocidade de conexão e a cobertura irregular de sinal. Isso impacta diretamente as oportunidades educacionais e econômicas nessas regiões, onde o acesso à informação e a possibilidade de comunicação em tempo real são cruciais para o desenvolvimento local.
Internet como agente de transformação
O crescimento do acesso à internet no Brasil, documentado ao longo de duas décadas, vai além dos números: representa uma mudança cultural e econômica que alterou o cotidiano e as perspectivas de milhões de brasileiros. Com a internet ao alcance de uma maioria cada vez maior, o país tem, nas mãos, uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento, seja através de novas oportunidades de negócios, de educação à distância ou do acesso à informação.
O avanço da conectividade nas últimas duas décadas mostra que o Brasil saiu de uma posição de exclusão digital para uma realidade em que sete de cada oito lares estão conectados à internet. O desafio, agora, está em expandir e qualificar ainda mais essa inclusão, oferecendo não só o acesso, mas também a qualidade de conexão necessária para que os brasileiros possam aproveitar todo o potencial transformador que a internet oferece.
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