Em um alerta preocupante para a saúde global, um estudo publicado em uma revista científica projeta que as mortes por câncer devem dobrar nos próximos 26 anos, atingindo índices inéditos em diversos países. A pesquisa estima que, até 2050, cerca de 8,8 milhões de pessoas a mais morrerão devido à doença em comparação aos dados atuais, com aumento especialmente significativo em nações de baixo e médio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No total, o número de novos pacientes com câncer deverá crescer em 77%, o que representará 15,3 milhões de casos adicionais.
Por que os casos de câncer vão aumentar tanto?
Os pesquisadores identificam fatores demográficos como os principais propulsores desse aumento. O crescimento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional serão determinantes, pois o risco de desenvolver câncer aumenta com a idade. Essa realidade é agravada em países de baixo e médio IDH, onde o acesso a diagnósticos e tratamentos eficazes ainda é limitado. Esses países, que hoje já enfrentam desafios de infraestrutura e de serviços de saúde pública, deverão observar um aumento de até três vezes tanto em incidência quanto em mortes pela doença até 2050.
Diferença entre os países e desafios globais
A desigualdade entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento será um dos aspectos mais marcantes desse cenário. Enquanto as nações de alto IDH possuem sistemas de saúde mais equipados para detecção precoce e tratamento, os países de IDH médio e baixo enfrentam barreiras significativas, como falta de equipamentos, médicos especializados e medicamentos oncológicos. Os pesquisadores destacam que essa disparidade torna urgente o fortalecimento de políticas de saúde nos países mais vulneráveis. Isso poderia incluir campanhas de prevenção, acesso a exames regulares e melhorias na infraestrutura hospitalar.
Câncer de pulmão: o maior desafio
O estudo também detalha as projeções para tipos específicos de câncer, com destaque para o câncer de pulmão, que deverá ser o mais letal, correspondendo a 13% dos novos diagnósticos e a 19% das mortes até 2050. O câncer de pulmão é particularmente associado ao tabagismo e à poluição do ar, o que o torna uma ameaça global e destaca a importância de políticas para controle do tabaco e melhora da qualidade do ar, especialmente em regiões urbanas e industrializadas.
Atingindo mais homens
As projeções indicam que os homens serão particularmente afetados pelo aumento nos casos de câncer. Até 2025, a incidência da doença entre eles deverá crescer em 16%, um percentual que deve se expandir ainda mais nas décadas seguintes. Esse crescimento está associado a fatores como tabagismo, consumo de álcool e exposição ocupacional a produtos químicos nocivos, bem como a menor adesão, em alguns casos, a exames preventivos. Políticas públicas de saúde que abordem esses fatores são recomendadas pelos especialistas para conter a tendência e, eventualmente, reduzir os casos em longo prazo.
Como lidar com a crise de saúde que está por vir
O aumento esperado de casos e mortes por câncer até 2050 levanta preocupações sobre como os sistemas de saúde do mundo irão lidar com essa demanda. Para os especialistas, investimentos em políticas preventivas, como a redução do consumo de tabaco e álcool, e a promoção de alimentação saudável e práticas de atividade física, são fundamentais. A detecção precoce, com maior acesso a exames e tratamentos modernos, também é essencial para reduzir o impacto da doença. Nos países de IDH mais baixo, fortalecer o sistema de saúde será crucial para lidar com o aumento de casos e, em alguns casos, até para prevenir novas ocorrências.
A busca por soluções globais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades internacionais têm atuado para reduzir o impacto do câncer nos países mais afetados, e essa mobilização deverá se intensificar. As projeções apresentadas pelo estudo reforçam a necessidade de colaborações internacionais, seja para financiar programas de saúde nos países de menor renda, seja para compartilhar tecnologias de diagnóstico e tratamento. Para os pesquisadores, se essas iniciativas não forem intensificadas, o crescimento do câncer trará não apenas impacto humano devastador, mas também um peso econômico insustentável.
A previsão de um futuro em que mortes e casos de câncer praticamente dobram exige ação coordenada de governos, organizações de saúde e da própria sociedade. Com medidas efetivas de prevenção e investimento em saúde, é possível enfrentar o desafio crescente e minimizar o impacto da doença, proporcionando uma esperança de um futuro menos marcado pelo câncer.
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