A lendária banda norte-americana R.E.M. está de volta aos holofotes com o relançamento de um de seus maiores clássicos: “Radio Free Europe”. Desta vez, a música aparece em um EP comemorativo com cinco faixas, lançado para celebrar os 75 anos da primeira transmissão da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), símbolo da resistência jornalística em países com restrições à liberdade de expressão. O projeto também coincide com o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio.
O novo EP é encabeçado por um remix inédito da faixa original, produzido por Jacknife Lee, conhecido por trabalhos anteriores com o próprio R.E.M. O videoclipe desse remix já está disponível online, e uma versão física especial — em vinil laranja de 10 polegadas, edição limitada — será lançada no dia 12 de setembro. O mais importante: toda a renda obtida com as vendas será revertida para a RFE/RL, que atualmente transmite notícias em 27 idiomas para 23 países, muitos deles marcados por regimes autoritários e forte censura.
Uma homenagem com propósito
“Seja na música ou na imprensa livre, a censura em qualquer lugar é uma ameaça à verdade em todo lugar”, afirmou o vocalista Michael Stipe, reforçando o engajamento político da banda desde seus primeiros dias. “Neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, quero saudar os corajosos jornalistas da Radio Free Europe”, completou.
O baixista Mike Mills foi ainda mais direto: “Os jornalistas da Radio Free Europe vêm irritando ditadores há 75 anos. Você sabe que está fazendo seu trabalho certo quando incomoda os inimigos certos. Feliz Dia Mundial da Liberdade de Imprensa para a ‘OG’ Radio Free Europe”, disse, usando o termo da cultura pop que significa “original”.
Uma viagem no tempo com raridades
A curadoria do EP ficou por conta do produtor original da banda, Mitch Easter. Ele reuniu gravações históricas de 1981, incluindo:
| Faixa | Descrição |
|---|---|
| Radio Free Europe (Remix) | Remix por Jacknife Lee, com nova abordagem sonora |
| Radio Free Europe (1981) | Versão original da gravação com produção de Easter |
| Sitting Still (B-side) | Faixa lado B do mesmo período |
| Wh. Tornado (Demo) | Demo raramente ouvida pelos fãs |
| Radio Free Dub (Inédita) | Remix obscuro, até então nunca lançado oficialmente |
O EP oferece não apenas um presente para os fãs da banda, mas também um documento cultural que reforça a relação entre arte, resistência e liberdade.
Legado preservado
“Radio Free Europe” é uma música com forte carga simbólica na carreira do R.E.M. Lançada originalmente em 1981, ela foi responsável por projetar a banda no cenário alternativo dos EUA, e até hoje é considerada uma de suas obras mais marcantes. Em 2009, foi oficialmente reconhecida e imortalizada na National Recording Registry da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, onde se juntou a outras gravações históricas de relevância cultural e histórica.
Mais que nostalgia, um ato político
O relançamento desta faixa num momento tão simbólico é um lembrete da força da música como ferramenta de protesto e consciência. Ao mesmo tempo, é um gesto de apoio direto a jornalistas que atuam em territórios de alto risco, como Irã, Rússia, Afeganistão e Belarus, onde a liberdade de imprensa é constantemente ameaçada.
A Radio Free Europe, criada no contexto da Guerra Fria, segue atuando como uma das poucas vozes independentes disponíveis em locais onde o jornalismo sofre forte repressão. Ao unir sua trajetória musical a essa causa, o R.E.M. reafirma sua relevância não apenas artística, mas também política e social.
A liberdade ainda é um desafio
O projeto chega num momento em que, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, mais de 70 jornalistas foram mortos em 2024 apenas por exercerem sua profissão. Em vários países, a censura estatal, a desinformação e a perseguição judicial são práticas comuns para silenciar a imprensa. Nesse contexto, o gesto do R.E.M. é um chamado à reflexão — e à ação.
Em tempos em que a verdade é distorcida e a informação virou arma de guerra, “Radio Free Europe” ecoa como um grito de resistência que atravessa gerações.
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