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Hoje, 28 de agosto, data em que completaria 103 anos, o Brasil lembra com carinho e respeito a trajetória de Jacyra Sampaio, atriz que deixou sua marca no teatro, no cinema e, sobretudo, na televisão. Nascida em 1922, em Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo, Jacyra desafiou barreiras de sua época, quando papéis de destaque para artistas negros eram praticamente inexistentes.

Antes de brilhar nos palcos e nas telas, trabalhou no almoxarifado de um hospital maternidade em São Paulo, em uma vida simples que contrastava com os desafios de sonhar com a arte. Só aos 30 anos estreou no teatro, na peça João Sem Terra, de Hermílio Borba. Pouco depois, iniciou a carreira no cinema, em 1959, no longa O Preço da Vitória.

Dos palcos às câmeras de TV

A estreia na televisão aconteceu na TV Record, em 1960, no teleteatro Imitação da Vida, obra que dialogava com o racismo e as tensões sociais da época. Jacyra também passou por emissoras como TV Excelsior e TV Tupi, construindo uma trajetória diversificada antes de chegar à Rede Globo.

Foi na Globo que conquistou definitivamente o reconhecimento nacional. Entre 1977 e 1986, deu vida à icônica Tia Nastácia no programa infantil Sítio do Picapau Amarelo, baseado na obra de Monteiro Lobato. Sua interpretação marcou gerações de crianças e garantiu a ela um lugar na memória afetiva do público brasileiro.

Além do Sítio, participou de produções de sucesso como O Meu Pé de Laranja Lima, Sinhá Moça, Bambolê, Pacto de Sangue, Despedida de Solteiro e Sonho Meu. Em cada trabalho, Jacyra transmitia emoção, carisma e a força de sua presença cênica.

Compromisso com a arte e com novas gerações

Jacyra não se limitou a atuar. Apaixonada pela arte, também se dedicou ao ensino de teatro, incentivando jovens artistas e contribuindo para a formação de novas gerações de atores e atrizes. Essa dimensão pedagógica de sua carreira reforça a importância de sua trajetória não apenas como intérprete, mas como agente de transformação cultural.

Um legado que resiste

A atriz faleceu em 29 de setembro de 1998, aos 76 anos. Mais de duas décadas após sua partida, seu legado permanece vivo, seja nas lembranças de quem acompanhou suas atuações, seja na inspiração que oferece a novos talentos da dramaturgia brasileira.

Sua trajetória é também símbolo de resistência em um tempo em que a presença de artistas negros na televisão era frequentemente limitada a papéis secundários ou estereotipados. Jacyra rompeu essa barreira, dando visibilidade e representatividade a personagens que marcaram profundamente o público.

📌 Linha do tempo de Jacyra Sampaio

Relembrar Jacyra Sampaio é reconhecer não apenas uma atriz de talento, mas uma mulher que enfrentou barreiras sociais e raciais para conquistar seu espaço. Sua história permanece como exemplo de perseverança, representatividade e amor à arte.