O governo dos Estados Unidos estuda assumir uma participação de 10% na Intel, uma das maiores empresas de semicondutores do mundo. A proposta foi confirmada pelo secretário de comércio Howard Lutnick, em entrevista à CNBC na última terça-feira (19/08), e representa um movimento raro de envolvimento direto do governo americano em uma companhia privada de grande porte.
Segundo Lutnick, a intenção da Casa Branca é garantir que os investimentos feitos por meio da Lei CHIPS, legislação que oferece incentivos financeiros para a produção de semicondutores dentro dos Estados Unidos, beneficiem diretamente o país. “A perspectiva de Donald Trump é: ‘por que estamos dando esse tipo de dinheiro a uma empresa que vale US$ 100 bilhões? O que isso representa para o contribuinte americano?’ E a resposta de Donald Trump é: ‘deveríamos ter uma participação acionária [na empresa] com o nosso dinheiro’”, explicou o secretário.
O plano, caso seja concretizado, visa não apenas proteger os interesses econômicos do país, mas também reforçar a segurança nacional. Lutnick destaca que a participação do governo na Intel permitiria reduzir a dependência americana da produção estrangeira de chips, um setor estratégico que tem impacto direto na indústria tecnológica e militar. “Para a segurança nacional, devemos fabricar nossos próprios chips internamente”, completou.
Essa visão também foi reiterada por Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, que enfatizou que a prioridade do presidente Donald Trump é colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar, tanto no campo econômico quanto na segurança nacional.
Histórico e contexto do acordo
As primeiras informações sobre a possibilidade de o governo americano assumir parte da Intel surgiram na semana passada, mas ainda não há previsão de quando o acordo poderia ser fechado. A participação do governo seria minoritária e estaria ligada aos subsídios concedidos à Intel pela Lei CHIPS, aprovados durante a administração Biden.
Até o momento, a Intel não se manifestou oficialmente sobre o assunto. No entanto, o tema ganhou relevância após uma reunião entre o CEO Lip-Bu Tan e Donald Trump. A intenção inicial do presidente de exigir a renúncia de Tan, por supostos vínculos do executivo com empresas chinesas, acabou sendo descartada após o encontro.
A Intel e a Lei CHIPS
A Intel é uma das maiores beneficiadas pela Lei CHIPS, que oferece incentivos fiscais e financeiros para que empresas de semicondutores desenvolvam e produzam chips nos Estados Unidos. O programa foi criado com o objetivo de fortalecer a indústria nacional e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, principalmente da Ásia.
| Empresa | Benefício da Lei CHIPS | Participação do governo (proposta) |
|---|---|---|
| Intel | Incentivos financeiros para produção doméstica de chips | 10% (em estudo) |
Especialistas em economia e tecnologia apontam que uma eventual participação do governo na Intel seria histórica, pois envolveria um investimento direto do Estado em uma empresa de capital aberto de grande porte. A medida pode abrir precedentes para futuras negociações com outras companhias estratégicas do setor tecnológico.
Com informações de BBC, CNBC e declarações oficiais da Casa Branca, o assunto segue em análise e promete gerar debates sobre a relação entre investimento público e participação estatal em empresas privadas de alta relevância estratégica.


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