O XII Fórum das Mulheres do Vale do Jequitinhonha reuniu, neste ano, lideranças femininas de diferentes regiões do país em um espaço coletivo de debates e decisões políticas. O evento contou com a presença de mulheres do próprio vale, marisqueiras de Belmonte, na Bahia, além de deputadas, deputados, prefeitos, prefeitas e representantes de secretarias municipais e estaduais.
Entre os principais encaminhamentos do encontro, foram aprovados a Carta das Águas das Mulheres do Vale, resultado do projeto Rio Lilás iniciado em 2015 no Fórum Invisível da Lapa, e o Estatuto do Coletivo, que formaliza a organização daquele que é considerado o maior coletivo de mulheres do Brasil, reconhecido nacional e internacionalmente.
Espaço de resistência e construção coletiva
O Fórum das Mulheres é reconhecido como um espaço de diversidade e inclusão, reunindo mulheres negras, brancas, rurais, artesãs e trabalhadoras do campo e da cidade. O objetivo é garantir que todas tenham voz ativa nos debates e decisões que afetam diretamente suas vidas e territórios.
Além das discussões políticas, o evento também se consolidou como um espaço de resistência, resiliência e valorização das identidades femininas. As participantes destacaram a importância da união entre diferentes realidades, como a das mulheres do Vale do Jequitinhonha e das marisqueiras da Bahia, que compartilharam desafios comuns relacionados à sobrevivência, ao meio ambiente e à luta por direitos.
Reconhecimento a apoiadores
Durante os trabalhos, foi lembrada a contribuição de apoiadores históricos, como o professor Fernando Setembrino, que desde 2015 atua junto às mulheres do vale com sua experiência em questões hidrográficas. Também foram citadas lideranças como Maria Alice, Cacá e Marizinha, que contribuíram para a organização e fortalecimento do encontro.
Diversidade de representações
O fórum não se limita às fronteiras do Vale do Jequitinhonha. Estiveram presentes representantes de movimentos de outras regiões, como o Coletivo Diversidade Cultural Plural e o Coletivo de Mulheres Negras de Apucarana, no Paraná. A participação reforça a dimensão nacional da mobilização e a importância de conectar diferentes realidades femininas.
Encaminhamentos e perspectivas
Com a aprovação da Carta das Águas e do Estatuto do Coletivo, o encontro fortaleceu a agenda de luta das mulheres do vale e de outras regiões do país. A expectativa é que as conquistas sejam multiplicadas e que o espaço siga crescendo.
Segundo as organizadoras, a edição de 2026 já está confirmada, com o convite aberto para que mais mulheres participem, ampliando a troca de experiências e a construção de soluções coletivas.
“Mulheres, venham participar, saiam de casa, tenham essa imersão de conhecimento. Parabéns a todas as mulheres construtoras do Fórum das Mulheres do Vale do Jequitinhonha”, destacou uma das participantes durante o encerramento.
Documentos aprovados no XII Fórum das Mulheres
Documento aprovado | Origem | Ano de início | Objetivo |
---|---|---|---|
Carta das Águas das Mulheres do Vale | Projeto Rio Lilás | 2015 | Defesa dos direitos hídricos e ambientais do Vale do Jequitinhonha |
Estatuto do Coletivo | Fórum das Mulheres | 2025 | Formalização e fortalecimento da maior rede organizada de mulheres do Brasil |
O XII Fórum das Mulheres do Vale do Jequitinhonha consolidou-se como um marco de resistência e organização política feminina, reafirmando a luta por direitos, a defesa do meio ambiente e a valorização das diferentes vozes que constroem a história da região e do Brasil.
Vídeo apresenta trajetória do Projeto Rio Lilás e a Carta da Água
Durante o XII Fórum das Mulheres do Vale do Jequitinhonha, foi exibido um vídeo que marcou a conclusão do Projeto Rio Lilás, iniciado em 2015 e concluído em 2025. A produção mostrou a caminhada coletiva que resultou na elaboração da Carta da Água das Mulheres do Vale, um documento que reivindica a implementação de políticas públicas junto ao Ministério e o fortalecimento da participação feminina nos espaços de decisão.
O material audiovisual apresentou o processo de construção da Carta da Água como fruto de uma década de mobilização das mulheres do vale e de outras regiões. Entre os pontos destacados, está a conquista de um espaço de representação no Comitê de Bacias Hidrográficas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, consolidando a presença das mulheres nos debates sobre a gestão dos recursos hídricos.
A exibição do vídeo foi considerada um dos momentos mais significativos da programação do fórum, ao retratar não apenas a luta por água, mas também a luta pelo reconhecimento do papel das mulheres na formulação de políticas ambientais e sociais.
Com imagens, depoimentos e registros de encontros ao longo dos últimos dez anos, o material reforçou o caráter histórico do Projeto Rio Lilás e a importância da Carta da Água como instrumento político de defesa da vida, do meio ambiente e da igualdade de gênero.
Com a colaboração de Jomagna Souza.
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